Revista Videogame de Janeiro de 1992

Super Edição de Aniversário, Nº10

Matéria de Capa: Indiana Jones e a Última Cruzada

Quando VIDEOGAME fez seu primeiro ano:

Foi quase uma festa. Em um sábado em várias salas da Sigla Editora, estavam diversos sistemas de videogame - Master Nintendo, Mega Drive, Atari. Tudo com centenas de cartuchos de todas as modalidades. Filhos de funcionarios, donos de lojas de locação (por sinal, raras na época), repórteres e fotógrafos. Foi um dia inteiro de jogos e conversas, com um único objetivo inventar uma revista que só falasse em videogame. Isso foi em dezembro de 1990, com a revista chegando as bancas no inicio de janeiro. Agora, rapidinho, já estamos comemorando um ano de aniversário.

Fomos a primeira revista de videogame no Brasil. É, lógico, ninguém tinha idéia de quantos leitores existiam. Mas o sucesso foi instantâneo. Quando VIDEOGAME chegou as bancas, na primera semana de janeiro, com cerca de 100 mil exemplares distribuidos, tudo foi esgotado em uma semana. Foi preciso reimprimir, fazer mais exemplares. Mas só vender a revista não era tudo. Era preciso saber se os leitores haviam gostado de VIDEOGAME. Mas não foi preciso esperar pela resposta. O telefone não parava de tocar, congestionando as linhas da Editora, as cartas chegando às centenas por dia. A esmagadora maioria havia gostado da revista e queria saber quando sairia o número dois. Um leitor ligou ansioso:

-Quando sai a número dois?

-Daqui a pouco, estamos fazendo, respondeu alguém da redação

-A que horas, para eu ir à banca?

  Revista Videogame de Janeiro de 1992  Super Edição de Aniversário, Nº10
  Revista Videogame de Janeiro de 1992  Super Edição de Aniversário, Nº10

Claro que não era uma questão de horas Uma revista demora algumas semanas para ficar pronta. Os telefonemas eram tantos que foi preciso pedir aos leitores na ediçilo número dois que não mais telefonassem, mas opinassem, dessem ou pedissem dicas por cartas. O acerto do lançamento também podia ser sentido pela primeira SUPERPROMOÇÃO, que dava 101 prêmios entre eles um console Mega Drive. Foram mais de 70 mil cartas participantes. Mesmo para os editores da Sigla, acostumados com titulos de sucesso como VIDEO NEWS (de quem VIDEOGAME nasceu como edição especial), DUAS RODAS, OFICINA MECANICA OU AUDIO NEWS, a aceitação da nova revista impressionou. E os leitores exigiam, queriam uma revista independente e uma nova e quente edição a cada mês!

Veio então a edição de número 2 de VIDEOGAME já com muitas modificações sugeridas pelos leitores. E outra SUPERPROMOÇÃO que desta vez distribuía 150 prêmios, entre eles cinco Mega Drive e três Master System. E o sucesso continuou. Mas não era fácil fazer a revista. Desde a edição número um até hoje, uma regra jamais foi alterada. Todos os jogos são colocados no console, jogados e é a partir disso que as dicas e estratégias são escritas e são feitas as fotografias. É por isso que as dicas da VIDEOGAME sempre funcinam quando repetidas pelos leitores.

Mas, foi preciso encontrar os "feras que soubessem tudo dos jogos. Apenas no sistema Sega com os jogos para Master System e para o Mega Drive era mais fácil trabalhar. A Tec Toy era, e ainda é a única empresa que tem funcionários especialistas nos jogos e que ajudavam os repórteres de VIDEOGAME (e também a qualquer jogador) através de sua Hot Line. Por ser pioneira, VIDEOGAME teve de criar também repórteres especializados em games e fotógrafos que fizessem fotos perfeitas. Mario Fittipaldi logo se destacou entre os repórteres e passava a editor da revista no número três. Norberto Marques se tornava imbatível nas fotos. 

Aos poucos ia sendo formado também um "time" de jogadores que logo ganhariam o nome de "pilotos" de videogame. Quem chegou primeiro foi Gabriel Cassiolato, 14 anos, selecionado entre mais de 200 gamemaniacos entrevistados nas pesquisas iniciais da revista. Logo depois veio Toni Ricardo Cavalheiro. Ele foi imediatamente convocado por Mário Fittipaldi porque, em uma locadora de São Paulo, SP, acabou se "intrometendo em uma conversa com o dono da loja para corrigir uma dica. E logo impressionou pela capacida de de terminar jogos complexos em poucas horas, mesmo jogando pela primeira vez. Hoje, Toni, 14 anos, é funcionário da Sigla e ajuda em várias seções de VIDEOGAME.

Chegaram os computadores - hoje, a redação de VIDEOGAME é a primeira redação toda informatizada da Sigla Editora - e a revista foi crescendo. Claro, sempre levando em conta a opinião do leitor. Afinal, chegam mais de 1,5 mil cartas à redação a cada nova edição. Isso sem contar as cartas participantes de promoções, que sempre chegam aos milhares. E que também participam da revista. Por exemplo, a edição 5 de VIDEOGAME trazia na capa Sonic, o porco-espinho supersônico do Mega Drive, desenhado pelo leitor Yukio Kurihara, um dos participantes da superpromoção "Seu desenho vale", da edição 3. Além do desenho de um leitor na capa, a edição 5 trazia também muitas outras novidades. A principal delas eram os primeiros mapas de jogos, o que significou um novo conceito de apresentação no Brasil. A idéia surgiu da exigência de muitos leitores, que queriam jogos mais detalhados. E foi além. Pouco depois chegava às bancas o primeiro game inteiro mapeado, tela por tela, com todas as dicas e estratégias. Era a edição especial nº 5A, em forma de pôster, com o jogo Alex Kidd in Miracle World, para o Master System.

Os leitores gostaram tanto que, logo depois, outra edição especial era publicada: a nº 7A. Com 32 páginas impressas em papel de luxo, os leitores ficaram conhecendo, também tela por tela, o melhor caminho para o final de Super Mario Bros. 3. De quebra, ainda aprendiam como estourar o placar em 9.999.990 pontos, acumulando 99 vidas. Esta edição especial foi a primeira publicação brasileira de videogame a ter a aprovação e a licença da Nintendo Corporation dos Estados Unidos.

Mas a revista VIDEOGAME não parou por aí. Afinal, o universo de games no Brasil cresceu a uma velocidade incrivel nes- te ano. E os leitores, atentos às mudanças, continuaram participando. E ajudando a fazer a revista. Por causa deles surgiram as novas seções Game Boy, Game Gear, Super Nintendo. E para que ninguém ficasse desatualizado com o que "rola" lá fora, alguns dos jogos mais "quentes" nos Estados Unidos e Japão foram apresentados.

Agora na décima edição e com um ano de vida, VIDEOGAME continua fazendo o mesmo sucesso da primeira edição. E sem dúvida, a maior razão para isso é a participação do leitor na revista. Graças a ele foram apresentados ou detalhados 438 jogos, o que representa mais de mil Megabits de memória nas páginas de VIDEOGAME; foram publicadas milhares de fotos coloridas e ainda chegaram à redação mais de 1,5 milhão de cartas. São marcas importantes, que enchem a equipe de orgulho. Mas que, antes de tudo, atestam a aprovação dos leitores, indicando que estamos no caminho certo. Este sim, é nosso maior orgulho.

Roberto Araújo e Mário Fittipaldi

  Revista Videogame de Janeiro de 1992  Super Edição de Aniversário, Nº10

A redação da VIDEOGAME: uso de computadores e dicas testadas na prática. Esq. para dir.: Roberto, Toni, Norberto, Thiago, Léo. Fila da Frente: Mário (cabeça para baixo), Silvia, Júnior. Sentados: Gabriel e Daumer.

Experimente o jogo de capa da Videogame de Janeiro de 1992: INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA