A História do Brown Box ou Caixa Marrom, o Primeiro Protótipo de Videogame Doméstico da História

Em 1948 um engenheiro nascido na República de Weimar, de nome Rudolf Heinrich Baer, bacharel em Ciências em Engenharia de Televisão, que trabalhava na empresa Sanders Associates, busca desenvolver o que seria “a melhor TV do mundo”. A ideia de Ralph naquela data não teve sucesso. 

Baer queria dar aos aparelhos de TV, que já estavam se tornando populares na década de 1970, alguma forma de interação. Ele achava que apenas assistir imagens transmitidas por antenas ficava muito aquém do potencial dos televisores. Ele iniciou o desenvolvimento de um sistema para controle de pontos no tubo de imagem em 1949. Contudo isso não foi possível com a tecnologia existente na época. Mas em 1967 as coisas mudariam.

Ralph Baer nasceu em 1922, filho de Lotte e Leo Baer, uma família judia que vivia na Alemanha em Pirmasens. A família de Baer fugiu da Alemanha pouco antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, instalando-se em solo americano. Após alguns anos no exército dos Estados Unidos, Ralph começou a ganhar interesse em eletrônica. Ele trabalhava como engenheiro na Sanders Associates, uma empresa de componentes voltados para a segurança, em Nashua, New Hampshire.

Equipe de Ralph Baer na Sanders Associates

Equipe de Ralph Baer na Sanders Associates

“Tenho uma anotação oficial em meu caderno, datada de setembro de 1966, que fala sobre o que se pode fazer com um aparelho de TV além de ligá-lo e desligá-lo. A televisão já era um aparelho onipresente, 62 milhões de famílias possuíam pelo menos uma. É uma tela poderosa, uma maravilha da tecnologia. O que mais se poderia fazer com isso? Então surgiu a ideia de jogar nela. Meu desejo era fazer alguma coisa com os aparelhos de TV que as pessoas pudessem pagar. A pergunta básica que fiz a mim mesmo foi. "O que podemos fazer por $19,95 dólares?” “Por volta de dezembro já havia conseguido alguns pixels na tela. Foi quando eu decidi que essa coisa era importante demais para trabalhar sozinho depois do expediente. Então procurei o diretor corporativo de P & D, Herb Campman, que entendeu imediatamente o escopo da coisa toda. Colocamos alguns dólares de lado em pesquisas corporativas e estabelecemos um projeto oficial. Montamos uma sala no sexto andar e contratamos dois engenheiros — Bill Harrison e Bill Rusch — para trabalhar sob minha direção. Durante todo o ano de 1967, aquela sala estava proibida para todos, menos para nós três. Como você pode imaginar, havia alguns rumores no ar. No início de 67, tínhamos os jogos mais básicos de bola e raquete funcionando. Em setembro desse ano, estávamos jogando um jogo de hóquei bastante chique. A velocidade dependia de quão forte você acertava o disco. Tinha toda a dinâmica de um disco de verdade — o tipo de coisa que não reaparecia nos jogos anos e anos depois. Então agora tínhamos tudo isso, mas havia uma pergunta incômoda que não tinha resposta: o que faríamos com isso?”

Com alguns protótipos já existentes de máquinas onde era possível simular um jogo utilizando um computador e um osciloscópio, Ralph passou a trabalhar em um projeto de aparelho para transformar o televisor comum em uma interface para jogos elétricos eletrônicos, e que pudesse ser facilmente utilizado nas casas das pessoas. Baer escreveu uma proposta de quatro páginas para uma ideia, que ele chamou de "caixa de jogo", que seria conectado a um aparelho de televisão, e deveria custar em torno de US $25 dólares. Alguns meses depois, após desenhar alguns modelos, por fim a produção da caixa de jogos ou  "caixa marrom", como foi chamada, estava pronta. O “Brown Box” se tornou o primeiro videogame doméstico da história.

Protótipo do Brown Box ou Caixa Marrom

Protótipo do Brown Box ou Caixa Marrom com Controladores e Arma de Luz

Esse protótipo ficou conhecido depois como “Jogo de TV 1'', sendo licenciado pela empresa de eletrônicos Magnavox como o Magnavox Odyssey. Baer continuou a projetar vários outros consoles e unidades de jogos de computador nos anos subsequentes, trabalhando com eletrônica até sua morte em 2014, com mais de 150 patentes em seu nome. Baer é considerado por muitos como "o pai dos videogames" pelo seu conceito original de console caseiro, que poderia ser utilizado em um aparelho de televisão comum na casa das pessoas, sem a necessidade de conhecimento de informática ou programação. É também o criador de outros produtos bem conhecidos, como o jogo de correspondência de padrões Simon. Em fevereiro de 2006, ele foi agraciado com a Medalha Nacional de Tecnologia por "sua criação, desenvolvimento e comercialização inovadora e pioneira de videogames interativos, gerando uma mega-indústria relacionada ao entretenimento”.

Protótipo do Brown Box ou Caixa Marrom

A Caixa Marrom