Revista Ação Games de Fevereiro de 1992

Edição nº 10

Matéria de Capa: Star Wars, Batman 2, Golden Axe 2 e Big Run. Veja também: O que rolava no Japão em fevereiro de 1992

Veja mais: O Império da Nintendo

"Start" Edição Nº 10

E então, galera, vocês ja se acostumaram ao novo visual de AÇÃO GAMES? Tá fácil achar as matérias sobre o seu videogame, não é? Basta folhear rapidamente a revista e abri-la nas páginas com a cor do seu game. Lembre- se: daqui pra frente AÇÃO GAMES vai ser sempre assim. As cores dos sistemas também não mudarão. Escrevam pra gente dizendo o que mais gostaram no novo projeto da revista. sua organização etc. Sua opinião é muito im- portante. Participe.

Ação Games Fevereiro 1992

O que rolava no Japão em fevereiro de 1992?

Aqui, na Terra do Sol Nascente, o papo é o lançamento, até que enfim, do Mega CD. O acessório foi lançado no comecinho de dezembro com meia duzia de jogos e um preço salgado: 50 mil ienes, o equivalente a quase 400 dolares. Se você está louco para conhecer os jogos, guarde a ansiedade para mais tarde. A grande maioria dos games é tipo RPG, e só quem entende japonês consegue jogar. Quem ainda não descolou um CD Rom para seu Mega Drive está se divertindo com Black-Out, jogo tipo quebra-cabeça cujo objetivo é encaixar formas tridimensionais coloridas. Block-Out é um "filhote do Tetris, só que com um grau de desafio muito maior. O Game Gear traz como novidade o jogo Ax Battler, continuação da saga Golden Axe. Ax é um bravo guerreiro que tenta reconquistar o tesouro de poderes magicos capturado pelo Mal. Já a turma do Super Famicom anda bitolando Ganbare Goemon, um game de ação com infinitos labirintos e inimigos escondidos que devem ser enfrentados pelo herói Goemon. Heisei Tensai Bakabon é o nome de um novo game para Famicom, que está dando o que falar no Japão. Numa Universidade onde o que não falta são estudantes tapados, o pai de um estudante atravessa o campus para encontrar o filho. Nesta busca, o personagem tem, as vezes, que apelar para o seu guarda-chuva e combater as figuraças que atrapalham seu caminho.

Mas a melhor novidade da temporada é mesmo Jikuusenkimuu, para Game Boy. O legal deste jogo é que o participante tem o direito de desenhar o rosto de seu personagem. Para cada tipo de fisionomia, o game dá mais força, coragem e inteligência ao personagem. Assim, o lance é tentar descobrir a cara do heroi mais completo. O objetivo: destruir os invasores do continente Muu

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O IMPERIO DA NINTENDO
O IMPERIO DA NINTENDO

O IMPERIO DA NINTENDO

A empresa, quem diria, fazia cartas de baralho

A vida dos japoneses nunca foi a mesma. Depois que a Nintendo lançou seu famoso videogame no Japão, em 1983, coisas inesperadas começaram a acontecer naquele pais. Pessoas passavam a noite em longas filas à porta das lojas, agüentando frio e neve pra comprar um novo cartucho. Consumidores enlouquecidos entupiam os escritórios da empresa com pedidos de produtos. E até estudantes começaram a cabular aula para freqüentar lojas de videogames. Tudo isso para ter um cobiçado lançamento da Nintendo, a empresa que pirou com a cabeça dos japoneses.

Esta empresa é mesmo uma superpotência. Seus videogames de 8 bits venderam mais de 50 milhões de unidades só no Japão e nos Estados Unidos. Este número corresponde às populações de Portugal e Espanha, juntas. Sabe quantos cartuchos de videogame foram vendidos no Japão e nos EUA? Só 400 milhões. É cartucho que não acaba mais. Isto porque só estamos falando do sistema de 8 bits: Game Boy e Super NES nem entraram na conversa (ainda).

E pensar que a Nintendo começou como uma modesta fabricante de cartas de Hanafuda, uma espécie de baralho japonês. Outra surpresa: ela foi fundada há mais de um século, precisamente no ano em que o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República no Brasil (1889). O negócio dos baralhos prosperou. A fabricante chegou até a produzir cartas com personagens de Walt Disney. Na década de 50, adotou o nome de Nintendo e construiu sua sede na cidade de Kioto, onde está até hoje.

Foi só em 1974 que a "Grande N entrou para o ramo dos produtos eletrónicos. Seus primeiros inventos foram máquinas de jogos para "game centers". Depois, com a Mitsubishi, criou o videogame com microprocessador ou micro-chip (do tipo que existe hoje). Sabe aqueles relógios de pulso que têm um minigame? Invenção da Nintendo, em 1980.

O que mais a Nintendo faz além de videogames? Muita coisa. No Japão, ela mantém cursos para formar seus futuros programadores de jogos - qualquer um pode participar. Outra atividade interessante foi a criação de uma rede de informações financeiras que as pessoas acessam através do seu próprio console Famicom. Só que, em vez de jogo, o que aparece na tela da TV são informações sobre o mercado de ações, cotações do dólar e outros dados que os adultos, principalmente, adoram consultar. No futuro, a empresa quer ampliar as funções de sua rede para informar também sobre coisas ligadas à saúde, educação, etc. Videogame serve para muito mais do que divertir, pode crer.

No ano de 1983, enfim, a empresa lançou o Family Computer (Famicom) no Japão, videogame de 8 bits que iria transformar-se numa febre mundial. Depois, viriam o Game Boy, o Super Famicom... enfim, o sucesso. Não é a toa que a Nintendo faturou, em 1991, a mixaria de 3,4 bilhões de dólares. O equivalente a 4,4 trilhões de cruzeiros, uma grana tão alta que nem mil prêmios acumulados da Sena seriam capazes de juntar.

A filial dos States criou várias maneiras de informar seus gamemaníacos. Lá, existe um serviço telefônico com 400 atendentes (uau!) que resolvem as dúvidas de jogadores aflitos. Desde 1985, quando foi criado, o serviço já atendeu a mais de 20 milhões de chamadas. Por Baixo! E isso por que existe uma revista chocante como a Nintendo Power, verdadeira "bíblia" do gamemaníaco, que conta tudo sobre lançamentos e dicas. A revista é mensal e vende 1,5 milhão de exemplares. Outro agito da Nintendo nos States são os campeonatos. Em 1990, por exemplo, foi promovido um super torneio que envolveu jogadores de trinta cidades e levou quase todo o ano.

Quem diria que uma simples fabricante de cartas de baralho viraria uma gigante como esta? Mas o maior feito da Nintendo não foi só transformar-se numа das maiores empresas do mundo: foi ter criado uma forma de lazer para milhões de pessoas.

A PRESENÇA DA NINTENDO NO MUNDO

A PRESENÇA NO MUNDO

Com tudo isto, claro, a Nintendo é a fabricante de videogames número 1 em todo o mundo (em 1992).  Além da sede em Kioto, no Japão, a empresa tem uma subsidiária em Seattle, nos Estados Unidos. É a Nintendo of America, fundada em 1980. Tem também a Nintendo of Europe, sediada desde 1990 em Frankfurt, Alemanha. Em outros países, a Nintendo está presente através de representantes, como a C. Itoh, que atua no México. A C. Itoh, uma grande multinacional japonesa, é também a representante da Nintendo no Brasil e já começou a trabalhar para trazer seus produtos para cá - o Game Boy é o primeiro a şer importado. "Queremos fortalecer nossa presença na América Latina", garante o seu presidente, Hiroshi Yamahuchi (bisneto do fundador Hojiro Yamahuchi).

OS GRANDES SUCESSOS DA NINTENDO

Famicom:

Desde o seu lançamento, em 1983, o videogame de 8 bits da Nintendo já vendeu 16 milhões de unidades no Japão, onde também foram consumidos 193 milhões de cartuchos. Nos Estados Unidos, onde o console chama-se Nintendo Entertainment System (NES), foram vendidas 32 milhões de unidades e 210 milhões de cartuchos. Estes dados são do último levantamento de mercado da Nintendo, realizado em dezembro de 1990. Isso significa que, hoje, a quantidade de videogames nos dois paises pode ter aumentado ainda mais.

Game Boy:

O videogame portátil da Nintendo surgiu no Japão em abril de 1989. Até dezembro de 90, última estatística oficial da empresa, já haviam sido vendidos 4,4 milhões de aparelhos para os japoneses. Contando também com os Game Boy existentes no resto do mundo, esse número sobe para 11,3 milhões. Tem gente pra caramba zanzando por aí com esse simpático aparelhinho nas mãos.

Super Famicom:

Dois meses antes do lançamento nas lojas japonesas, a Nintendo experimentou aceitar encomendas dos próprios consumidores. E levou o maior susto: 1,5 milhão de pessoas queriam o novo videogame antes mesmo de conhecê-lo. Como isso era muito mais do que a capacidade de produção da fabrica, desistiu-se da idéia. Hoje, calcula-se que 3 milhões de felizardos japoneses tenham um Super Famicom, que foi lançado em setembro do ano passado, nos Estados Unidos, com o поme de Super Nintendo (ou Super NES). Pelo visto, o console de 16 bits tem tudo para ser um sucesso de vendas tão grande quanto o do próprio videogame de 8 bits.

Super Mario, o campeão: 

De todos os jogos que a Nintendo criou, nenhum outro vendeu tanto quanto os da série Super Mario. A primeira versão Super Mario Brothers foi a que mais faturou: 33,4 milhões de cópias em todo o mundo. Super Mario Brothers 2 vendeu 7,5 milhões e o 3, 13 milhões. A versão do jogo para Game Boy é responsável pela venda de 5,2 milhões de cartuchos. E sua mais recente aventura Super Mario World, para o Super Famicom, detonou até agora 730 mil cópias. Fazendo as contas, os jogos do baixinho bigodudo já venderam 60 milhões de cartuchos em todo o mundo. Isso faz dele o personagem mais popular de todos os tempos tão popular que está, hoje, em programas de televisão, lojas de brinquedos, embalagens de chocolates, bolachas e um montão de outros produtos. Em dez anos de trabaIho ele surgiu pela primeira vez em 1981, esse simpático encanador italiano poderia aposentar-se hoje mesmo e viver milionário para o resto da vida.

AÇÃO GAMES, páginas 14, 15 e 16

Experimente também o jogo de destaque nessa revista: Star Wars (NES)

Star Wars é um jogo de ação baseado no filme Star Wars . Foi lançado pela Victor Musical Industries para o Family Computer no Japão em 15 de novembro de 1991 e pela JVC Musical Industries para o Nintendo Entertainment System na América do Norte em novembro de 1991 e na Europa em 26 de março de 1992